sábado, 28 de fevereiro de 2015

Somos cada vez mais intolerantes ao leite?

O que parece uma evidência é que, à medida que o tempo vai passando, tendemos a tornar-nos mais intolerantes à lactose, um hidrato de carbono composto por dois açúcares, glicose e galactose — que para serem separados e digeridos precisam de uma enzima chamada “lactase”. “É uma enzima indutível, ou seja, é produzida em função da necessidade”, afirma Camolas. “Os adultos que bebem leite continuam a produzir lactase... Mas, com o envelhecimento, os processos metabólicos transformam-se e há mais intolerância à lactose, [tal como] às gorduras, as digestões são mais prolongadas. Todo o aparelho gastro-intestinal fica menos funcional.”
Segundo a Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia, cerca de um terço da população portuguesa sofre de intolerância à lactose (o que não é igual a alergia ao leite, que é uma reacção que envolve o sistema imunitário).
A percentagem é bastante maior noutros grupos demográficos. Em 1965, um estudo da Johns Hopkins University concluía que quase três quartos da população negra americana não digeria a lactose, contra 15% da população branca. A intolerância à lactose é um traço da maioria da população mundial, sobretudo africana e asiática.
Em Julho de 2013, o artigo da Nature “Arqueologia: a revolução do leite” explicava como, há 11 mil anos, quando a agricultura começou a substituir a caça, as populações do Médio Oriente aprenderam a reduzir a lactose — que não conseguiam digerir por falta de lactase — fermentando o leite para fazer queijo e iogurte. Dois mil e quinhentos anos depois, uma mutação genética ocorreu na Europa, mais precisamente na zona da Hungria, dando à população a capacidade de produzir lactase durante toda a vida. “Essa adaptação abria uma nova fonte nutricional que conseguia sustentar as comunidades quando não havia colheitas.” Uma grande parte da população europeia descenderá desses primeiros agricultores que insistiam em continuar a produzir lactase na idade adulta.
E é isso que explica que muitos caucasianos sejam a excepção a este número: 65% da população mundial não produz lactase depois dos sete, oito anos. A capacidade de o fazer perde-se à medida que se cresce.
Pedro Graça afirma que em Portugal há “entre 1/3 e 77% da população com algum tipo de intolerância, que pode quase não se notar, e por vezes até podemos viver com ela”. Graça Cabral contesta e afirma que, mesmo não se manifestando, os efeitos serão nocivos a longo prazo. A razão por se achar que há agora mais pessoas intolerantes à lactose é o facto de “termos uma população cada vez mais envelhecida”, adianta Pedro Graça. “Aqueles que não são intolerantes aproveitem ao máximo as vantagens que o leite traz.”
Fonte: http://bit.ly/1AUL3RX

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O caso da Carolina Pacheco...



“Quando dizia que a sopa me fazia mal as pessoas brincavam com a situação”


A Carolina quis deixar o seu testemunho. Descobriu algumas intolerâncias que a surpreenderam e outras, em que apenas se veio a confirmar as suas suspeitas. “A romã já era uma desconfiança minha, evitava consumir porque sabia que depois o mau estar viria”, de facto a este fruto a Carolina apresentava uma intolerância muito grave. Os legumes também eram uma suspeita que se veio a comprovar em alguns, “Quando dizia que a sopa me fazia mal as pessoas brincavam com a situação”. Um alimento que surpreendeu a Carolina foi a dourada, mas após recuar no tempo constatou que sentia alguma azia e enfartamento após essa refeição, mas sempre associou aos brócolos que acompanhavam o peixe, “pensei que fossem os brócolos, nunca pensei que a dourada que fizesse mal, um alimentos tão saudável”.